NOSTALGIA
A
tarde é morna, olho em volta de mim e vejo as folhas das árvores balançando ao
vento quente. Mas a tarde escorre entre as horas deixando prever a chegada da
noitinha. Caminho apreciando o movimento das pessoas e dos carros. Encontro um
banco vazio na praça, que sorte! Sento e observo.
As
lembranças sentam ao meu lado e o filme começa. Nessa praça, algumas vezes, o
namoro, encostados no carro fluíam beijos, abraços, carícias... Outras vezes, a
lembrança das caminhadas após o trabalho ao lado de uma grande amiga, onde
ríamos e trocávamos confidências, experiências e saboreávamos uma água bem
docinha, na barraquinha do coco. Nessa mesma praça onde tantas vezes levei meu
filho para passear, ainda o posso ver correndo atrás das bolinhas de sabão que
insistia sempre em comprar. Como cresceu meu menino!
Percebo
então que não sou mais criança, nem jovem na idade, apesar dessas sensações
ainda permanecerem dentro de mim. Ora sou jovem na alma, conversando com meu
filho e seus amigos, inventando brincadeiras para a noite de natal, ora me
sinto como uma criança ainda, que adora raspar as sobras do brigadeiro na
panela, que adora um filme de animação acompanhado de pipoca e refrigerante e também
de um belo banho de chuva. Se for em Mosqueiro, melhor. Apesar da idade, os
gostos não mudam tanto assim...
Por
que o tempo avança com essa velocidade incontida? Será que ele não vê que ainda
queremos ser partícipes da vida? Que se continuar assim, em breve, estaremos
com limitações de movimentos, de fala, de audição e esquecimentos?
Não
dá pra ser verdade o filme “O curioso caso de Benjamin Button”? Quero nascer
velho e morrer criança.
Marília Tavernard (27/12/2012)